Dados IMAGES sobre homens e cuidado com os filhos: Brasil
- No Brasil, 78% dos homens entrevistados em espaços de classe média e baixa revelaram terem estado em pelo menos uma visita pré-natal;
- Homens que relataram estresse relacionado ao trabalho são menos propensos a usufruir da licença paternidade. Homens mais equitativos de gênero no Brasil são mais propensos a utilizarem o direito à licença paternidade. Apenas 61% dos homens gozaram dessa prerrogativa legal;
- 39% dos entrevistados homens relataram participação no cuidado diário dos filhos, porém as mulheres entrevistadas reportaram a participação em apenas 10% dos casos;
- No que diz respeito à realização de atividades durante a semana em casos de cuidados com filhos entre 0-4 anos: os relatos de homens indicam que 83% brinca com filhos; 43% cozinha para os filhos e 52% relatou ter trocado fraldas de seus filhos pequenos. Os dados referentes a esses mesmos cuidados nos relatos de mulheres são mais baixos: 72% disseram que os pais brincam com seus filhos; 25% que cozinham para as crianças e 42% trocam fraldas;
- Dos homens que revelaram participar do cuidado diário com os filhos, 53% se disseram desempregados, enquanto que apenas 35% estavam trabalhando.
- Em relação às divisões igualitárias de papéis em uma ou mais tarefas domésticas, as mulheres relataram que os homens a/as realizava(m) em 26% dos casos, porém 60% dos entrevistados homens revelou cumprir com esse papel.
Esses dados revelam que ou os homens estão superdimensionando a sua participação real nas tarefas domésticas ou as mulheres não reconhecem a participação masculina. No entanto, trata-se de uma informação que precisa ser levada em conta, dada a grande disparidade entre os números.
Os Benefícios da Paternidade Ativa na vida das Mulheres, Crianças e Homens
Em termos de políticas públicas, os parceiros da campanha Você é meu Pai utilizam dados que evidenciam os benefícios e os resultados do envolvimento de homens nas tarefas de cuidado:
À medida que os pais se envolvem mais e compartilham as tarefas de cuidado e trabalho doméstico, a emancipação econômica das mulheres progride.
A licença de paternidade não é uma panaceia ou uma solução universal para garantir ou facilitar o envolvimento dos homens na prestação de cuidado, mas é uma das mais fortes declarações públicas que as sociedades podem adotar para demonstrar que valorizam a participação dos homens nas tarefas de cuidado e a prestação deste em termos gerais.
Esta participação tem como benefício adicional a redução das desigualdades de gênero ao nível do trabalho, uma vez que permite, quer a trabalhadores quer a trabalhadoras, atuais ou prospectivos, a possibilidade de se ausentarem do trabalho para cuidar das crianças. Um estudo do Instituto Sueco de Avaliação de Políticas do Mercado de Trabalho revelou que os rendimentos futuros das mães aumentam em média 7% por cada mês que o pai usufrui da licença de paternidade. Apesar de existirem poucas pesquisas sobre como a participação masculina nas tarefas de cuidado afeta o salário e rendimentos das mulheres no Sul global, vários estudos confirmam que a responsabilidade quase universal das mulheres pela prestação não-remunerada de cuidado está na base das suas baixas taxas de participação no mercado de trabalho e baixo salários.
Em países pobres, os estudos sobre mulheres beneficiárias de iniciativas de emancipação econômica revelaram que o aumento da renda das mulheres conduz, muitas vezes, a mais respeito por parte dos seus parceiros. Todavia, poucos – ou nenhum – estudos demonstraram que os homens aumentam a sua participação nas tarefas de cuidado como resultado da implementação de iniciativas de emancipação ou empoderamento econômico de mulheres. O Promundo e a CARE-Ruanda levaram a cabo uma pesquisa-piloto em 2012, que comparou uma comunidade com iniciativas de empoderamento econômico destinadas a mulheres apenas, com uma comunidade onde os homens estão envolvidos na prestação de cuidado. Os resultados sugerem que quando os homens são incluídos em discussões comunitárias sobre os benefícios da emancipação econômica das mulheres para o seu núcleo familiar e sobre como podem apoiar este processo, as probabilidades de participação masculina nas atividades domésticas aumenta.
À medida que os pais se envolvem, os indicadores relacionados com a saúde materna melhoram.
A presença de homens durante o parto revelou ter um importante efeito nas mulheres do Sul global e de contextos do Norte. Um estudo no Nepal demonstrou que a inclusão de homens nas sessões de educação para a saúde reprodutiva aumentou as probabilidades de as mulheres realizarem preparativos para o nascimento da criança, incluindo a participação em um maior número de consultas de pré-natal, a decisão de realizar o parto em instituições de saúde ou com o apoio de profissionais de saúde especializados, se comparado com as mulheres que participaram nas sessões sozinhas. Uma avaliação de impacto de uma iniciativa sul africana de formação de profissionais de saúde e de aconselhamento de casais sobre o envolvimento dos homens na saúde materna revelou resultados semelhantes.
À medida que os pais se envolvem cada vez mais e desde cedo na vida dos filhos, os indicadores de desenvolvimento infantil melhoram.
Vários estudos, sobretudo no Norte global, afirmam que o envolvimento de homens, assumindo que este envolvimento é não violento, responsável e sensível, é, de forma geral, positivo para as crianças em termos de saúde física e mental, desenvolvimento cognitivo e social, e repercute-se positivamente no desenvolvimento de atitudes equitativas de gênero. Nos casos onde existem dados longitudinais, é possível demonstrar que este impacto positivo se manifesta quer no curto-prazo, quer no longo-prazo. Dados sobre os EUA e a Europa revelam que as crianças que frequentam o ensino pré-escolar e cujos pais assumem a paternidade de forma “sensível e responsável” têm melhores desempenhos em testes cognitivos e linguísticos do que as crianças com pais menos envolvidos. Igualmente, as crianças com pais envolvidos no seu cuidado tendem a ter melhores indicadores de sucesso escolar, uma conclusão válida no Norte e Sul global.
À medida que a participação masculina nas tarefas de cuidado aumenta, a violência contra mulheres e crianças diminui.
Apesar de estas associações serem complexas e não deverem ser sobre-simplificadas, vários estudos confirmam que os homens que testemunham e experienciam violência enquanto crescem têm maior probabilidade de recorrer à violência contra crianças e mulheres, mais tarde. Além disso, quando estes homens são pais tendem a participar menos no agregado familiar (por exemplo, no parto, no cuidado diário da criança e no acesso à licença de paternidade).Por outro lado, os dados da pesquisa IMAGES relativos à influência das experiências de violência vividas ao longo da vida por homens na infância revelaram que os meninos que tinham pais mais envolvidos nas tarefas de cuidado eram menos propensos a experienciar violência à medida que cresciam.
À medida que aumenta a participação masculina nas tarefas de cuidado, a saúde física e mental dos homens melhora.
A participação dos homens na família, enquanto cuidadores, e de forma responsável e não violenta é positiva para os próprios homens. Estudos levados a cabo no Norte global demonstram que os homens envolvidos ativamente nas tarefas de cuidado vivem mais e tendem a relatar taxas mais baixas de problemas de saúde mental e outros problemas de saúde, incluindo pressão alta e doenças cardiovasculares. Pesquisas realizadas na África do Sul e Brasil sugerem que os homens com baixa renda, jovens e solteiros em cenários caracterizados por elevados índices de violência adotam, por vezes, comportamentos mais pró-sociais depois do nascimento de filhos. Além disso, um estudo do Instituto Sueco de Saúde Pública revelou que os homens que escolheram usufruir de 30 a 60 dias da licença de paternidade viram reduzido em 25% o risco de mortalidade precoce se comparado com outros homens que não usufruíram da licença de paternidade.
Fuente: http://voceemeupai.com/2013/05/02/dados-images-e-os-beneficios-da-paternidade-ativa/